sexta-feira, agosto 25, 2006

O ser humano - o ser egoísta

Ao longo dos meus 25 anos e meio, mais coisa menos coisa, conheci pessoas de todo o género.
Sem ter em conta os feitios de cada um, vou aqui tentar distinguir certos tipos de pessoas com quem lidei, lido e lidarei ao longo da minha vida.

Para começar, há aquelas pessoas que vivem toda a vida para eles próprios. Tudo que fazem na vida é para benefício próprio, mesmo no trabalho e até na família, embora muitas vezes, não tenham essa noção.
Há aqueles que sentem necessidade de formar família porque realmente sozinhos sentem-se vazios. No entanto, depois de a terem, têm dificuldade em a manter, pois o egocentrismo fala sempre mais alto. Pequenos grandes pormenores, como por exemplo a chamada paciência, tão fácil de a ter quando se gosta de alguém, seja o cônjuge seja um filho ou filha, para essas pessoas, acaba por se tornar muito difícil terem-na, pois isso é qualquer coisa que representa esforço sem ter directamente benefício próprio.
Muitas vezes estas pessoas até são geralmente bem aceites pela sociedade, porque perante ela, muitas vezes, não se revelam tal como são. No entanto, e como normalmente só se revelam no íntimo, são pessoas geralmente com muitos conhecidos, mas amigos muito, muito poucos, ou até nenhum.
Normalmente os filhos são a coisa mais preciosa que se pode ter. Para estas pessoas (chamemos-lhes pseudo-pais) também, com a diferença que querem que os filhos estejam bem e se sintam bem, mas sem que seja preciso grande esforço da parte desses pseudo-pais. Do género:
- Pai, gostava que viesses assistir ao meu concerto de piano na sexta-feira.
- Não posso, fala à tua amiga Joana para ir assistir e toma lá 50€ para comprares alguma coisa para ti e para a tua amiga.
E pronto, pensam que com os 50€ fica tudo resolvido e que a filha fica completamente satisfeita, quando o que ela queria verdadeiramente era que ele fosse assistir ao concerto dela.
Muitas vezes, quem sofre mais com esse tipo de pessoas, são realmente os filhos.

Depois há aquelas pessoas que praticamente só vivem para os filhos e que praticamente ignoram e desprezam o resto da sociedade, resto da família incluída. Essas pessoas, para que os filhos possam ter a melhor educação e a melhor qualidade de vida possível, são capazes de passarem por cima do bem-estar de pais, irmãos, sobrinhos, etc.
Embora seja de louvar o esforço para que os filhos estejam o melhor possível, é de lamentar o facto de não quererem igualmente o mesmo para o resto da família.
Se calhar pensam que não é possível todos estarem bem mas, na minha opinião, com esforço de todas as partes é sempre possível.

Finalmente, há aqueles pobres coitados que procuram sempre o bem-estar das pessoas de quem mais gostam, que normalmente são pais, irmãos, tios, primos, avós, filhos, cônjuge e amigos mais próximos, e que vêem que essas pessoas não correspondem a essa procura pelo bem-estar de todos. Esses pobres coitados tentam sempre com que os outros estejam bem, muitas vezes em detrimento deles próprios. Quer dizer, acaba por não ser em detrimento deles próprios, porque só o facto de verem toda a gente de quem gostam saudável e contente ultrapassa qualquer coisa menos boa que possam vir a sofrer.
Estas pessoas são aquelas que conseguem facilmente pôr-se no lugar dos outros e, assim, conseguir ajuda-las e nunca prejudicá-las, ao contrário do género de pessoas que falei acima, que têm imensa dificuldade em imaginarem-se no lugar dos outros.

Sinceramente, e hipocrisias de lado, eu considero que me insiro no terceiro género de pessoas que falei. Felizmente tenho algumas outras pessoas deste género próximas de mim, embora a maior parte esteja incluída nos outros dois géneros. São pessoas muito próximas de mim, pessoas com quem eu lido diariamente e por quem eu luto diariamente para que estejam sempre bem, mesmo sabendo que essas pessoas não agem como eu, independentemente do que eu faça.

Desculpem, mas precisava de desabafar um pouco. É que há certas coisas que me revoltam e uma das que me revoltam mais é o facto de haver pessoas que têm tudo na vida e que mesmo assim arranjam sempre motivos para arranjarem problemas e, assim, estarem infelizes e tornarem os outros igualmente infelizes.

A vida já é complicada para todos. Portanto, cabe-nos a nós tentar simplificá-la, para que possamos aproveitá-la o melhor possível enquanto cá andamos e não o contrário. O problema é que para mim o "aproveitar" é fazer com que todos os que gosto estejam bem. Para outros o "aproveitar" é fazer com que eles próprios estejam bem e os outros que se lixem.

Há seres humanos egoístas, mas felizmente não são todos.

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