terça-feira, dezembro 19, 2006

A razão do ser, por Filipe Oliveira

Há um conjunto de questões às quais qualquer ser humano não fica indiferente e anseia por ver respondidas. O que somos, qual o propósito da nossa existência, para onde vamos?...
Várias são as explicações e tentativas de formular de forma mais fidedigna possível uma teoria que responda às diferentes crenças mas até hoje ainda não se chegou a nenhum consenso.

Outrora seriam os Xamãs das tribos, os sábios, os únicos elementos da população que teriam a função de serem os pensadores, de arranjar as explicações... Mais tarde filósofos, profetas e, hoje em dia, o conhecimento científico.

Mas, inevitavelmente, há matérias que ultrapassam a mente humana, como por exemplo os limites do universo... o universo está em expansão, dizem os cientistas, muito bem... quais são os limites do universo? Serão paredes em betão intransponíveis? Que existe do outro lado? Bem, asseguro-vos que o que existe do outro lado é "feito do mesmo material" do que existia antes do universo.... “Fica o céu”, dizem alguns. Muito bem e onde acaba o céu?
“Foi Deus (es) a origem de tudo”, dizem os crentes. Eu pergunto: e quem criou Deus? Que existia antes de Deus?

Mas consideremos então o génesis proposto pela Bíblia. Deus em 7 dias terá feito todas as coisas (aqui invoco alguém que me possa elucidar), no tempo da inquisição por que razão condenaram Copérnico por este propor a teoria Heliocêntrica? Que dizia a Bíblia quanto à estrutura do universo criada por Deus?
Adão e Eva seriam já dotados da inteligência actual? Há quanto tempo eles nasceram? Milhares, milhões de anos? Permitam-me a ousadia... A igreja não é contra o Incesto?
Foi Deus que criou todas as espécies e jamais o homem teria o poder de criar uma nova espécie... Pois bem, o Homem lembrou-se de cruzar um cavalo com uma burra, um burro com uma égua e originaram os machos/mulas... Tudo bem, dizem os crentes, mas são espécies inférteis, não se reproduzem e não podem ser considerados novas espécies! Novamente errados, dou o exemplo da espécie
Hyla versicolor uma espécie de rela (parecidas com as rãs) fértil que resulta de uma poliploidia de uma rela infértil Hyla shrysocelis.
Afinal sempre se criam espécies novas sem que Deus determine. Isto ao nível natural. Laboratorialmente falando também é possível "fabricar" plantas novas por poliploidia.

No caso humano, temos as deficiências genéticas, dando como exemplo a "famosa" trissomia 21, síndrome de Down, também outrora conhecida por mongolismo (uma vez que a população mongol apresenta semelhanças com estes indivíduos, porém entrou em desuso pois os mongóis não acharam muita piada à comparação). Como sabemos, ou ficamos agora a saber, estes indivíduos são geralmente inférteis... Estão a pensar no mesmo que eu? Poliploidia para perpectuar trissomicos? Isto numa forma muito rebuscada e pouco cientifica. A ideia é que seria possível criar novas espécies de humanos...
Estes indivíduos resultam de mutações ao nível genético (não me parece que o Adão já teria este tipo de conhecimento), mutações estas que ao longo do tempo terá originado toda esta diversidade de espécies a partir de um ancestral comum. Depois consoante as alterações dos indivíduos, os factores ambientais "seleccionariam" os que possuíssem as características que os tornassem mais aptos a sobreviverem, daí a extinção de algumas espécies (selecção natural).

Clonagem... Outro tema em que Deus não intervém, mas nem me atrevo a pronunciar sobre este tema.

Porém nem tudo o que diz a Igreja é assim tão "sem cabimento". E peguemos novamente na Bíblia. Deus criou o Mundo em 7 dias, primeiro as águas, depois os peixes, seguidos pelos animais até ao Adão. E não é que apesar de não ter sido no mesmo intervalo de tempo, é assim que a ciência prevê a ordem dos acontecimentos? A existência de um caldo primitivo onde existia matéria propícia à existência de vida, formaram-se os primeiros "peixes", que se mutaram em anfíbios que começaram a conquistar o meio terrestre... que evoluíram até ao Homem. E agora, vem novamente um crente a dizer: “O quê??? Tás a dizer que eu e um coelho viemos da mesma "coisa"?” Quase. O nosso apêndice, aparentemente sem função alguma, é uma estrutura vestigial que está em regressão de geração em geração por não ter utilidade. Já nos coelhos está bem desenvolvido com o nome de ceco que permite ao coelho digerir as fibras provenientes das verduras que ingere. Como nós não necessitamos das fibras para retirar a energia…

Ainda assim, defendo a existência de uma Igreja moderada como a actual. Os ateus defendem que basta a presença dos pais para criar o conceito de autoridade e "não faças senão levas uma sapatada", mas quando o pai/mãe não estão a ver… assim Deus que é omnipresente sempre vê a asneira e o garoto já pensa duas vezes antes de a fazer porque Deus está a ver.
Seria impensável destituir subitamente o Deus que todos acreditam pois seria a morte do equilíbrio que existe num grande número de pessoas. Acabaria o propósito de vida de muita gente, poderia dar origem a guerras, ajustes de contas, pois a entidade máxima de justiça jamais existiria, não haveria limites…

Na minha opinião Deus existe. É a “alma” de cada um de nós, o sentirmo-nos bem por termos oferecido uma refeição a um sem abrigo, a sensação boa quando temos uma boa conversa com amigos e no fim damos um sorriso, unirmo-nos numa marcha de solidariedade por uma causa…. Deus é isso. É o ser que está em toda a parte e é omnipotente, sim porque a força de vontade é capaz de tudo!

Qual o nosso propósito de vida?
Nascer, dar o máximo, e tentar que nos recordem o máximo de tempo possível por termos feito algo pelos nossos “irmãos”. Viver a nossa infância mágica, e quando tivermos os nossos filhos dar-lhes tudo para os ver felizes. No trabalho proporcionar melhores condições de vida ao próximo para que eles também tenham boas condições para desenvolver um bom trabalho pela humanidade, cada um na sua área.

Para onde vamos?
Para a memória de todos aqueles que nos amaram e de todos os que reconheceram o nosso mérito enquanto profissionais e familiares e assim atingirmos o céu… O reconhecimento do nome na lápide que nos proporcionará a vida eterna em livros, estátuas, nome de ruas…

Em jeito de conclusão, considero que ninguém possui uma verdade absoluta e ninguém é mais que outra pessoa por ter determinada orientação, o que não invalida que alguns estejam mais próximos da verdade que outros. Toda a gente pode ser feliz se seguir os seus princípios se, acima de tudo, não atingir a liberdade do próximo, tentando também que este seja feliz.


Filipe "Espinha" Oliveira

9 comentários:

Pedro Fonseca disse...

"Os ateus defendem que basta a presença dos pais para criar o conceito de autoridade e "não faças senão levas uma sapatada", mas quando o pai/mãe não estão a ver… assim Deus que é omnipresente sempre vê a asneira e o garoto já pensa duas vezes antes de a fazer porque Deus está a ver."

Acho que servir-se do nome de Deus para educar os filhos não é uma boa política. Para isso mais vale invocar o papão ou qualquer coisa do género, ou então convencer o miúdo que os pais conseguem saber tudo mesmo quando não estão com eles...


"Seria impensável destituir subitamente o Deus que todos acreditam pois seria a morte do equilíbrio que existe num grande número de pessoas. Acabaria o propósito de vida de muita gente, poderia dar origem a guerras, ajustes de contas, pois a entidade máxima de justiça jamais existiria, não haveria limites…"

Concordo. Tem que ser um processo gradual, como tem vindo a ser feito, embora que involuntariamente, penso eu. Daqui a 1 ou 2 séculos penso que já não restará muita gente que acredite em figuras omnipresentes.


"Na minha opinião Deus existe. É a “alma” de cada um de nós, o sentirmo-nos bem por termos oferecido uma refeição a um sem abrigo, a sensação boa quando temos uma boa conversa com amigos e no fim damos um sorriso, unirmo-nos numa marcha de solidariedade por uma causa…."

Para mim, isso chama-se consciência e humanismo...

Anónimo disse...

"Para isso mais vale invocar o papão ou qualquer coisa do género"

Não seria pior a emenda que o soneto? Mito por mito?

"Tem que ser um processo gradual, como tem vindo a ser feito, embora que involuntariamente"

O que não pode ser destituído são as aulas de catequese que os mais novos têm tido até hoje. Seria bom manter encontros regulares entre os mais novos para incutir valores morais como a catequese o faz (falar sobre Deus ou não, não é essa a questão) Até mesmo a missa do Domingo para alguns (não é para aqueles que lá vão para ver a vestimenta do próximo e saber das últimas novidades da freguesia) tem efeitos positivos na sua consciência. A solução seria manter estes encontros tal como a linha amizade, só liga quem precisa. Se uma minoria de pessoas necessita desse reconforto por que não mantê-lo? Sim, minoria, pois actualmente uma grande parte dos católicos não são praticantes.

Pedro Fonseca disse...

Penso que para incutir valores morais temos os pais, a escola e... a vida.
Eu nunca fui à catequese e julgo-me uma pessoa com principios morais.
Além disso, não concordo com algumas questões morais que são ensinadas na catequese. Portanto, a catequese não me parece uma boa ideia...

Anónimo disse...

É muito simples...Uns estudam ciências, acreditam nas ciências, outros estudam direito, acreditam na justiça, cada um acredita naquilo para que é ensinado a acreditar, depois com a idade e com as diferentes experiências, seguem caminhos diferentes. Ninguém é melhor que ninguém, no final morremos todos, e todos nos desfazemos, portanto...tanta coisa para quê?
E se em vez de se preocuparem com o tamanho do universo, já disseram hoje a alguém o quanto gostam dela? Já ajudaram alguém que precisava...Porque não pensar no útil???

Anónimo disse...

Sim concordo em quase tudo que a Melinda diz, a questão é:

Porque não pensar no útil???

A utilidade é relativa, e se se perde tempo a ler um artigo destes e a comentar não será assim tao inútil quanto isso...

Um crítico de cinema não faz nada mais que criticar filmes, a sua utilidade é questionável. Mas concerteza que os avanços na Medicina que permitem com que haja recuperações de sucesso que outrora não existiam, a Tuberculose por exemplo, deve-se a um conjunto de pessoas que, parecendo que estão a perder tempo em investigações sem utilidade aparente, ajudam também a humanidade. O tamanho do universo foi um exemplo de uma questão para a qual não tenho resposta, acreditem que não passo muito tempo a questioná-la por ter de facto coisas mais úteis sobre o que me debruçar...

Feliz Natal com muitas prendas :)

Aninhas disse...

Feliz Natal, Feliz Natal..
Trá lá lá lá lá....

Feliz Natal, Feliz Natal..
Trá lá lá lá lá....

Feliz Natal, Feliz Natal..
Trá lá lá lá lá....

Trálálálá...LÀ!!!!!!

**bjks
:)

13 disse...

Chiça!!! Tanta linha...
Feliz Natal!

Anónimo disse...

Feliz Natal :) mas estava a espera de mais linhas nos comentários eheh

Calvin disse...

Pedro,

Um grande e feliz Natal!

Que nos traga alguns farrapos de racionalidade, temperados com o sabor da irracionalidade de se ser humano!

Um abraço