sexta-feira, março 19, 2010

Sentimentos

Sempre pensei que uma das minhas grandes virtudes era ganhar afinidade com determinadas pessoas muito facilmente. Aproximo-me dessas pessoas e sou quase um livro aberto. E eu gostava dessa maneira sincera e aberta com que me dirijo a essas pessoas.
Ou seja, dou-me bastante facilmente às pessoas porque realmente gosto de gostar das pessoas (passo a redundância). E quando gosto, gosto mesmo. Mas obviamente que não é de qualquer pessoa... Faço sempre alguma triagem.

Até aqui nunca senti necessidade de me defender (como diziam, sem eu perceber muito bem porquê, alguns amigos meus), de me proteger, de me fechar, para não me magoar. Tive a sorte de nunca ter apanhado nenhuma desilusão ao longo destes meus 29 anos de vida. Nunca me zanguei com ninguém, nunca fiquei magoado com ninguém e nunca tive uma relação que me desiludisse. Portanto, nunca me magoei.

Sempre pensei que isso que os meus amigos falavam de uma pessoa se magoar, só era válido para relações amorosas.
Realmente, antes de começar a namorar com a Gisela, cheguei a ficar várias vezes magoado (eu gostei dela muito antes dela gostar de mim). Foram várias as ocasiões em que fiquei magoado porque ela gostava de mim apenas como um bom amigo e eu dela de maneira bem diferente. Mas hoje posso dizer que valeu bem a pena essas vezes que fiquei magoado.
Mas voltando ao que estava a dizer, agora (aos 29 anos!), descobri que uma pessoa se pode magoar também noutro tipo de relações. E digo-vos... Apesar de ser bem diferente da dor em casos amorosos, esta também dói como o caraças.

Tinha, no trabalho, uma relação de grande proximidade com uma pessoa. Trabalhava 8 horas por dia com essa pessoa e desde cedo que fiquei a gostar bastante dela.
Sempre soube que esse sentimento não era completamente recíproco. No entanto, nunca pensei que, a determinado momento, passasse a ser completamente o oposto.
Como é que de uma relação tão agradável, com momentos cheios de boa disposição, conversas muito abertas e interessantes (entre as quais vários desabafos), para além da, cada vez maior, (pensava eu) sintonia profissional, passa-se para uma relação completamente fria, distante, demasiado "séria" e demasiado profissional?
Apesar da repentina diferença de tratamento (inexplicável), e apesar de não ser fácil ignorar essa diferença de tratamento, tentei por diversas vezes uma reaproximação, tentando agir normalmente e tentando ter algumas das conversas que tínhamos e que a determinada altura deixamos de ter. No entanto, do outro lado, está um bloco de gelo imune a qualquer gesto ou acção que demonstre um sentimento para além do "obrigatório" registo profissional. Mesmo sendo essa pessoa conhecedora a 100% dos meus sentimentos...

Custa, custa mesmo.
Mas pelo que me dizem, isto também faz parte da vida.
Não devia...

2 comentários:

Anónimo disse...

É muito complicado acreditar nas pessoas e elas nos desiludirem...
Acreditamos que elas estão do nosso lado e um dia descobrimos que nos encontravamos enganados... O sentimento de nos sentirmo-nos enganados, acreditar e até pensar que era um amigo...mas afinal era só para disfarçar...para ficar bem... Mas isso para mim é uma grande lição de vida...Não acreditar tanto nas pessoas, ficar sempre com o pé atrás.

Pedro Fonseca disse...

Pois é, Sr. Anónimo...

O problema é que eu gosto de acreditar nas pessoas.

Acho que as pessoas têm sempre algo de bom e eu acredito que posso sempre tirar o melhor das pessoas.
Mas tenho que me convencer que há certas pessoas que por muito que nos mostremos abertos, interessados, disponíveis... ou seja, que nos mostremos amigos, elas não têm nada de bom parecido para dar em troca...

É pena...