Todos os anos são interrompidas, em todo o mundo, 45 milhões de gravidezes não desejadas, das quais cerca de 19 milhões são realizadas em condições não seguras. Aproximadamente 40% das interrupções voluntárias de gravidez não seguras afecta jovens mulheres, com idades entre os 15 e os 24 anos. Estima-se que 68 mil mulheres morram todos os anos devido a este tipo de intervenção em situações precárias. Este número representa 13% da mortalidade relacionada com a gravidez.
Senhores e senhoras que defendem o "não" no referendo: afinal devia existir ou não o "direito à vida"? Porque segundo estes números, na actualidade, não me parece que haja assim tanto direito à vida como isso...
A interrupção voluntária da gravidez é praticamente legal em todo o mundo. Porém, as leis nacionais sobre a interrupção voluntária da gravidez são significativamente mais restritivas nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.
Nestes últimos, a interrupção voluntária da gravidez é permitida por solicitação da mulher em cerca de dois terços de todos os países considerados desenvolvidos. Pelo contrário, apenas 1 em cada 7 países em desenvolvimento permitem a interrupção voluntária da gravidez por solicitação.
Na Europa, assiste-se a uma situação idêntica no que diz respeito ao quadro legal da interrupção voluntária da gravidez.
Em 44 países, apenas dois - Malta e Irlanda - não permitem a interrupção de uma gravidez não desejada. Na Polónia, Suíça, Chipre e Liechtenstein esta só é possível por razões de saúde.
Ao longo dos próximos dias vou aqui apresentar como funciona, ou não funciona, a actual lei nos diferentes países da Europa.
quarta-feira, outubro 25, 2006
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26 comentários:
Pedro, em tom de achega (e porque resolvi abdicar de colocar um post sobre o tema no meu blog) aqui vai um link interessante:
http://www.womenonwaves.org/set-1020.245-pt.html
No entanto, temo que estejas a pregar aos convertidos. As razões que separam o SIM do NÃO não se prendem com as formas processuais/legais. Aliás, para quem tenha lido o "Freakenomics", existe um ponto socio-económico muito interessante a favor do aborto. É um ponto interessante mas que nunca convencerá quem está do outro lado da barricada.
Como falámos no outro post, uns acreditam dogmaticamente que a partir da concepção há Vida Humana e outros acreditam dogmaticamente que não. Como acho dificil convencer um ou outro lado de quem tenha mais razão no seu dogma, parece-me que a solução terá de estar na tolerância. E, nesse caso, não vejo outra alternativa que não seja os do lado do NÃO tolerarem uma lei que permita aos do SIM exercerem o que em consciência achem correcto, fazendo eles próprios o mesmo para si. Mas isso sou eu...
Pedro - Interessante a informação fornrcida.
Calvin - Foi politicamente correcto. Devo acrescentar que subscrevo inteiramente. Não porque tenha mudado de opinião mas porque vivemos em comunidade e democráticamente.
Vivemos, Aninhas...mas "democraticamente" nao leva acento, ó santa padroeira do léxico!:)
(um dia ainda me vão dar na cabeça com esta minha mania)
Quanto ao artigo...hmm...nao gosto do "politicamente correcto", aliás, tento fugir disso. Mas é o que eu penso...no fundo do meu agnosticismo!
Baralhados?? Pois...uma coisa é aquilo em que se acredita aquilo que se quer, outra bem real é aquilo que é possível aquilo que se tem. E se há coisa que a vidinha já me ensinou é que "nunca digas desta água não beberei". Ah é verdade e NÂO à interrupção voluntária da gravidez ....., não é por aí que nos vamos tornar mais civilizados. É por aí, isso sim, que vamos ser absorvidos pelo resto da Europa (com a nossa miserável taxa de 1,4 nascimentos por casal...).
Ai que raios, agora é com os acentos tambem?? Bolas que Calvin tão dificil de contentar. A que classe etária pertence, carissímo?? (espero que os acentos vão nos sítios certos, os ss e os c's e...)
"É por aí, isso sim, que vamos ser absorvidos pelo resto da Europa (com a nossa miserável taxa de 1,4 nascimentos por casal...)"
Absorvidos num aspecto positivo é sempre bom.
Quanto à taxa de nascimentos... O que importa é que haja qualidade de vida. Não havendo a mínima qualidade de vida para os recém-nascidos, é preferível que não nasçam.
Por exemplo, se por azar um filho meu tivesse uma mal formação qualquer já visível em ecografia, preferia que ele não nascesse.
Pressuponho que não partilha da mesma opinião aninhas...
Aninhas,
Não será concerteza com a existência de proibição de aborto que a natalidade vai disparar. Aliás, se defendermos a posição do NÃO baseado em dados demográficos e económicos, teremos de aceitar a defesa do SIM na mesma base. E aí, devo dizer que o SIM ganha largamente. Como referi no comentário anterior, isso vem bem espelhado no livro "Freakeconomics"!
E agora, para lhe satisfazer a curiosidade, tenho 32 anos e não sou de letras...e só fui picuínhas com o acento por piada! Mas "caríssimo" é esdrúxulo:)
Pedro, vou citar-me : "...uma coisa é aquilo em que se acredita aquilo que se quer, outra bem real é aquilo que é possível aquilo que se tem. E se há coisa que a vidinha já me ensinou é que "nunca digas desta água não beberei". Posso não concordar em princípio, mas não me atrevo a afirmar que tomaria esta ou aquela atitude. Há coisas que só passando por elas. E Pedro, as considerações paralelas e interligadas ao tema da interrupção voluntária da gravidez são tantas "mas tantas e tão boas" que nunca mais acabam!
Ps - Calvin ao classificar tudo de dogmas tira a piada à argumentação...Pois que sejam, mas também há por aí muita cabecinha mais "fresca" que poderia beneficiar de ouvir pontos de vista diferentes e diferentes argumentos, para uma questão que não tem resultado matemático, ou seja não se vai chegar ao 2 somando 1 mais 1. Fiz-me entender, ou já devaneei por aí a fora...
Eh, pá! C'um caneco! Ser acusado de tirar piada a uma boa discussão é que não pode ser! Pois que se degladiem argumentos para essas cabeças "frescas". Para começar, e para fundamentar o que falei sobre os índices económicos, a despenalização do aborto nos EUA teve como reflexo indirecto o decrescimento da onda de criminalidade...Polémico? Talvez! Mas é o que os dados dizem...
E sai mais uma rodada para a malta aqui da mesa:)
E arre... Perfecionista! Então diz vossa Excelência que em caríssimo o acento é esdrúxulo. Pois tem toda a razão. Fiz o teste do gritinho e não é que é mesmo! Carííííssimo...
Não conheço o Freakeconomics. Eu é mais é Freakecomédics. "Eu é mais é" aposto que também Tickle your fancy, não?
Calvin a conversa está um must. Do best, diria mesmo, mas os meus terroristas estão mêmo, mêmo quase a sair da escolinha... Ai vai a mãmã.
E já agora é a sério essa informação relativamente aos EUA? A sério? E tem validade, quer dizer como é que conseguiram provar que uma coisa teve a ver com a outra?
Aninhas, it tickles...but I'm fine and dandy with it!É o que é!:)
Mais ideias sem formalismos lógicos para agitar as cabeças "frescas"? Aguardo...
Cá vai um link que é um resumo do capítulo do Freakonomics acerca do tema:
http://www.freakonomics.com/ch4.php
Gostei do post, mas nem me vou alongar com grandes comentários e entrar na discussão pois faltam-me ânimo após um dia cheio, para tal feito. Tenho a dizer que deixei uma resposta no meu blog aos comentários que lá foram feitos.
No muito que tenho lido sobre o Aborto, raramente me deparo com alguém que, de facto, o tenha feito.
Acredito que seja porque é difícil falar nisso já que é uma decisão difícil de tomar e que se prefere manter privada.
E a verdade é mesmo esta, abortar é difícil (mesmo sem traumas e sem arrependimentos) e isso não vai mudar só porque um referendo despenalizou o acto (o que custa num aborto não é o facto de ser ilegal, o que custa é a decisão que cada um tem de tomar e isso, desculpem lá, é que conta. A despenalização só serve para garantir que quem decide fazer, o faça com segurança. O acto de abortar sempre existiu e vai continuar a existir.).
Existirão malucos que fazem abortos como método contraceptivo, como existem malucos que deitam as crianças no lixo depois de as terem e malucos que as maltratam pela vida fora e, até, instituições sociais e membros da igreja que abusam de algumas crianças.
No entanto, acredito que acima de tudo, o Aborto é um enorme acto de amor. Por vezes mais sério e sentido que a mera decisão baseada no "pronto! aconteceu, agora assumimos".
Decidir abortar é decidir que o melhor para aquela criança é nem sequer chegar a ter consciência de si. É um risco grande. Nunca chegaremos a saber.
Mas, também não sabemos se a tal Joana, que (alegadamente) foi morta pela mãe, teria preferido nem chegar a existir.
Existe vida desde a concepção? Nem sei, mas acredito que sim. Quando fiz o meu aborto não achei que não estava a eliminar nada... Sabia perfeitamente que estava a eliminar um filho dentro de mim.
Agora, esse filho, de 8 semanas, tinha consciência de si e do mundo? Sentiu o que lhe foi feito? Parece-me que não, tal como me parece que não sente nada o doente a quem se desliga a máquina porque, sem ela não vive.
É errado falar assim? Comparar as coisas desta forma? Parece-me, apenas, que temos de ser claros naquilo que defendemos.
Quem é contra a despenalização do aborto sabe que não está a votar NÃO para que nunca mais se pratique um. Sabe que vão continuar a fazer-se abortos. Então o que é que querem?
Deixar bem claro que é errado (e como tal, ilegal)?
E vamos continuar a esconder a cabeça debaixo da areia e fazer de conta que dormimos bem com a nossa consciência?
Evitar que o número de abortos aumente desmesuradamente?
Quem quer fazer, faz. Já, hoje, agora! Ninguém faz ou deixa de fazer por ser ou não permitido por lei... ainda acreditam na história da carochinha?
Mostrar que são a favor da vida?
Somos todos a favor da vida! Uns preto no branco. Outros mais cinzentos, que também incluem na equação a variável “qualidade de vida” (do filho que decidiram não ter).
Se a criminalidade baixa com a legalização do aborto, se são os países desenvolvidos os mais permissivos, se é legal ou ilegal não me interessa, (não quando estou grávida e tenho que tomar uma decisão, em consciência, e decidir, eu, o que é melhor para o meu filho).
Pode ser uma decisão errada (e inconsciente e egoísta), mas parece-me mais errado (e inconsciente e irresponsável) trazer uma vida ao mundo sem condições emocionais ou financeiras para tal.
Podia não o ter feito, mas fiz e agora? É ele que paga a factura do meu erro? Que peso carregará tal ser humano, com tamanho pecado original!
Alice, respeito muitíssimo aquilo porque passou, a sua opção a dificuldade que deve ter sido. Eu pessoalmente não passei por isso. Passeio de perto, ao vivo e a cores, com a minha mãe, as minhas irmãs, a minha melhor amiga... Como vê... No entanto a minha opinião é que não se deve liberalizar a interrupção voluntária da gravidez.
Concordo com grande parte da sua argumentação, mas no entanto acho que nem toda gente pensará como aa Alice e acredito mesmo que o nº de abortos vai aumentar, potenciados pela facilidade e pela perda de noção de que se trata de algo errado (se até já é permitido...). As pessoas vão acreditar naquilo que lhe sder mais paz de espírito.
Espero que a vida nunca seja madrasta para mim, como foi para si, ao ponto de me levar a fazer essa terrível opção.
Aninhas,
A vida não foi madrasta para mim (fiquei grávida, nada teve a ver com a vida, mas comigo, e tive de lidar com isso, apenas, sem traumas ou arrependimentos).
Aliás, foi em consciência que tomei a minha decisão (eu e o pai da criança, que é agora meu marido). Não quis, de todo, passar a imagem do aborto como algo mórbido e sofrido, mas apenas como algo que se faz por que a dada altura, após uma análise responsável, se julga ser o melhor a fazer. Ponto.
Acima de tudo, penso que a decisão é de cada um e é por isso que se deve deixar que cada um decida (isso já acontece hoje, seja legal ou não. De facto, cada um decide!) e se deve dar acesso a condições de saúde adequadas para que quem escolhe fazer, o faça em segurança.
Só isso.
Percebi a mensagem. Para mim seria um drama, um motivo de remorso e de culpa para toda vida, mas porque as minhas convicções são as já referidas anteriormente. Não significa que para sí esta situação tenha que ter o mesmo peso.
Sem ofensas e porque esta deve ser a primeira troca de impressões em que não me sinto vilipendiada (Caríssimo Calvin...)desde que entrei neste covil de apoiantes do sim.
Covil porque me sinto uma ovelha, gorducha e felpuda em quem "morder" é desporto! Pois fui eu que cá vim...Parece que estou mesmo a pedi-las.
Mas já li a sua história no seu blog e respeito a sua posição.
E mais estou fartinha de aprender coisas...ele é vocabulário e Lingua Portuguesa, ele é factos que desconhecia relativamente ao aborto, alguns dos quais gentilmente cedidos pelo autor do blog, ele é um mestrado em psicologia Humana, "Da opinião ao insulto em 5 frases - Exercícios práticos e estudos de caso".
Acima de tudo, gosto de tentar perceber as opiniões contrárias as minhas, as vezes radicalmente opostas às vezes nem tanto...
Só me dá conversa quem quizer. Eu cá vou vivendo e aprendendo, que para mim não há maior burro do que aquele que se fecha na concha das suas certezas sem tentar ver o mundo do outro lado. E (POR FAVOR - Não há aqui nenhuma mensagem subliminar para ninguem).
Até sempre
Calvin... reli o meu texto... ai os acentos e a falta de consonância entre plural e singular... Estou que não posso. Espero as réguadas sejam, benevolentes, admitido que foi o erro... :-)
Bem ó Pedro aqui a ovelha ranhosa do NÂO, aumentou a sua "tiragem" exponencialmente... Já tem mais factos, novidades, cusquices, fait divers acerca do assunto??
Aguardo ansiosamente,
Béééé
"Acima de tudo, gosto de tentar perceber as opiniões contrárias as minhas"
"Eu cá vou vivendo e aprendendo, que para mim não há maior burro do que aquele que se fecha na concha das suas certezas sem tentar ver o mundo do outro lado."
Afinal acho que temos algo em comum ;)
Realmente, tornou muito rico o debate sobre o aborto. Agradeço-lhe.
Quanto a novidades, desculpem-me mas só amanhã...
Aninhas,
No meu computador o link do "Freakonomics" abre... Seja como for, indo ao site do livro, é escolher "Chapter Excerpts" e depois o capítulo 4.
O autor do livro (Levitt) é considerado um dos mais brilhantes economistas da nova geração e tem como especialidade o tratamento estatístico de dados e a distinção entre uma correlação e uma causa-efeito.
bom comeco
imagina so se vc tivesse sido concebido em situaçoes precarias e sua mae resolvesse abortar vc n taria falando esse monte de merda onde ja se viu matar um inocente com tantos ai precisando de morrer e ninguem tem coragem de matar mas um feto q n pode se defender querem matar.
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